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terça-feira, 24 de março de 2009

Somos prisioneiros de nossas emoções?


Ah, se fossemos feitos só de razão seria tudo tão mais fácil, simplesmente decidiríamos por quem nos apaixonar, ou decidiríamos quem gostaríamos de esquecer e afastar de nossas vidas.

Reduziríamos a enorme tensão que sentimos todos os dias ao nos desgastarmos com coisas tão pequenas e saberíamos lidar com mais tranquilidade com os grandes desafios.

Mas não somos só razão.

Muitas vezes, a despeito do que nos diz a razão, nos percebemos aprisionados a quem não nos merece, sofrendo por motivos que até nós achamos pequenos e tendo atitudes que não fazem sentido algum. Muitas vezes sentimos coisas que não gostaríamos de sentir, momentos nos quais nos perguntamos em silêncio se um dia seremos capazes de sentir as coisas de outra forma, sentir mais carinho, mais leveza, mais compaixão. Um dia você olha no espelho e descobre que vem desperdiçando tempo e energia com questões pequenas, com pessoas que não merecem sua atenção, com medos que consomem sua alegria e podam sua espontaneidade.

Será possível nos libertarmos dessas emoções que nos fazem sabotar o que de mais lindo existe em nós? Que faz com que tenhamos atitudes de traição para com nosso próprio Eu? Poderemos um dia controlar essa avalanche de emoções que perturbam nossa paz?

Claro que é possível!

Leva tempo, requer autoobservação, paciência, trabalho árduo e perseverança. Requer um profundo desejo de nos tornarmos alguém melhor. Requer a mesma cuidadosa dedicação que um ourives demonstra ao lapidar um diamante. Mas vale a pena, acredite. Depois de tanta fricção, aquilo que é precioso em nós vai surgindo. Um brilho aqui, outro lá... E um dia, se não desistirmos, conseguimos finalmente olhar para o mais lindo diamante pousado no centro de nossas mãos. Nosso próprio Eu.

Ouça, você não é essa emoção que chega de repente querendo tomar as rédeas da sua vida. Você não é essa onda de raiva que te faz querer destruir tudo, não é o ciúme que fragiliza suas relações, não é o medo paralisante que torna você menor do que o seu real tamanho.

Isso tudo pode vir a você, mas você não “é” isso.

Não é sábio entregar-se cegamente a uma emoção

Você pode mudar em profundidade a sua vida. Você pode mudar a si mesmo. Mas para que isso aconteça, precisará lembrar-se de seu verdadeiro Eu. Precisará aprender a suspeitar de suas emoções. Não é sábio entregar-se cegamente a uma emoção. Muitas vezes elas tornam você cego e surdo, elas iludem você e fazem com que tenha atitudes das quais se arrepende depois. Aprenda a observar as emoções em você, sem misturar-se com elas.

Saia do Eu, olhe para você e seus sentimentos na 3ª pessoa

Olhe para as ondas emocionais como você olha para o clima. Surgem nuvens, você as observa. Chove, você observa. Faz sol, você observa. Observa e compreende que tudo passa.

Aprenda a observar em quietude até que aquela a emocional passe, atravesse você. E depois, centrado, em paz, aprenda com essa passagem.

Você não é a raiva, não é o ciúme, não é a paixão.

Você é o observador pacífico que vê tudo isso passar.

Não entregue-se ao que sente. Una razão e emoção. Aprenda a questionar a si mesmo. Eu sei, parece difícil, mas é uma questão de prática. Nós não fomos ensinados a nos ver como sábios. Não fomos ensinados a observar nosso próprio Eu. Nem mesmo conhecemos nosso próprio Eu.

Desconfie das suas emoções, elas são superficiais, como uma fina camada de água gélida na superfície de um mar de calor e compaixão.

Mergulhe para além das aparências e você encontrará a sua verdade e a sua paz.
Patricia Gebrim

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